Cada árvore é um ser para ser em nós
Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-a
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses
(António Ramos Rosa)
Da árvore nasce o papel e no papel se escrevem as palavras...O dia 21 de Março, além de simbolizar o início oficial da Primavera, é também o dia onde se homenageia a árvore. E que melhor maneira de o fazer do que pela poesia?
Pois é: inúmeros poetas célebres escreveram sobre este tema e, nas Comemorações do Dia da Árvore de 1979, publicou-se em Portugal uma antologia poética intitulada "Poesia da Árvore", que se deveu ao trabalho de compilação e recolha de textos do Eng. Silvicultor Resina Rodrigues e foi patrocinada pela Secretaria de Estado da Cultura, pelo Instituto dos Produtos Florestais e pelo Fundo de Fomento de Exportação. Existem apenas 10.000 exemplares deste livro de 97 páginas e inclui poemas de uma vasta lista de autores, tais como: D. Dinis, Camões, Frei Agostinho da Cruz, Marquesa de Alorna, Guerra Junqueiro, Conde de Monsaraz, Eugénio de Castro, António Ramos Rosa, Teixeira de Pascoaes, João de Barros, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Vitorino Nemésio, Francisco Bugalho, António Gedeão, Miguel Torga, Sebastião da Gama, entre outros. Hoje em dia praticamente só encontrarás este livro raro no Instituto dos Produtos Florestais, o que é uma pena.
Vamos então aqui deixar três desafios aos alunos, professores e funcionários do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira:
Primeiro desafio "dia da árvore" : Vão tornar-se POETAS e escrever um poema da vossa autoria sobre a árvore e depois entrega-lo na Biblioteca do Agrupamento ou via email (ao cuidado da Biblioteca Escolar) até ao dia 26 de Março de 2009 ( Não esquecer de identificar o nome e a turma)
Segundo desafio "Dia da poesia": Vão tentar identificar os poetas que escreveram os lindos poemas que abaixo se seguem e entregar/enviar a vossa resposta para a Biblioteca/email da escola, sem esquecer claro a devida identificação!
Terceiro Desafio: Respondam à SONDAGEM sobre poesia que encontrarão em final de página do Blogue.
Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo tem lá dentro um passarinho
Novo.
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar…
Poema 2- O SONHO
Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria,
o que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos.
POEMA 3
Embora os meus olhos sejam
os mais pequenos do mundo
o que importa é que eles vejam
o que os homens são no fundo.
Não é só na grande terra
que os poetas cantam bem:
os rouxinóis são da serra
e cantam como ninguém
Ser artista é ser alguém!
Que bonito é ser artista…
Ver as coisas mais além
do que alcança a nossa vista!
POEMA 4 - ABAIXO O MISTÉRIO DA POESIA
Enquanto houver um homem caído de bruços no passeio
E um sargento que lhe volta o corpo com a ponta do pé
Para ver quem é,
Enquanto o sangue gorgolejar das artérias abertas
E correr pelos interstícios das pedras, pressuroso e vivo como vermelhas minhocas
Despertas;
Enquanto as crianças de olhos lívidos e redondos como luas,
Órfãos de pais e mães,
Andarem acossados pelas ruas
Como matilhas de cães;
Enquanto as aves tiverem de interromper o seu canto
Com o coraçãozinho débil a saltar-lhes do peito fremente,
Num silêncio de espanto
Rasgado pelo grito da sereia estridente;
Enquanto o grande pássaro de fogo e alumínio
Cobrir o mundo com a sombra escaldante das suas asas
Amassando na mesma lama de extermínio
Os ossos dos homens e as traves das suas casas;
Enquanto tudo isso acontecer, e o mais que se não diz por ser verdade,
Enquanto for preciso lutar até ao desespero da agonia,
O poeta escreverá com alcatrão nos muros da cidade